Uma Questão de Confiança - Resenha




   
   Nome: Uma Questão de Confiança
   Autor: Louise Millar
   Páginas: 382
   Editora: Novo Conceito


                                        
Em um subúrbio tranquilo de Londres, algumas mães se ajudam através de amizade, favores e fofocas. No entanto, algumas delas não parecem confiáveis e outras têm segredos obscuros. Quando Callie se mudou para seu novo bairro, pensou que seria fácil adaptar-se. Contudo, os outros pais e mães têm sido estranhamente hostis com ela e com sua filha, Rae, que também descobriu como é difícil fazer novas amizades.



Tive em mãos, pela parceria da Eu&Livros e da editora Novo Conceito, o livro Uma questão de Confiança e para resumir e ao mesmo tempo abrir esta resenha forneço uma pequena dica: Excentricidade.

A escolha por uma história com cenário caseiro e donas de casa, mães e esposas como personagens a princípio nos leva a crer que nossa história será levada para um caminho enraizado nessa temática e isso é um grande trunfo da escritora Louise Millar (desconhecida para mim, mas definitivamente irei conferir outras obras dela) para surpreender o leitor e com certeza uma das maiores qualidades e diferencial do livro, porém, ao mesmo tempo se tornando uma de inúmeras fraquezas da obra, a predominância de qual, defeito ou qualidade, não sei dizer, portanto só me resta aprofunda-los.


Um bairro de classe média alta em Londres e duas mães amigas, uma separada e outra casada, vivendo em suas próprias casas no cotidiano que suas vidas tendem a fornecer. Até ai situa-se nossos personagens e cenário, porém o livro mostra-se tratar-se exclusivamente sobre mulheres, não seus subtipos e idiossincrasias, mas sim seu universo em si. Há muito o que ser explorado de interessante nessa temática e há muito o que dar errado também, Louise, a escritora, comete ambos.  A inserção da acanhada Callie, da excêntrica Suzy e da não tão paranoica Rae nos introduz à sociedade em que essas mulheres vivem, seus trejeitos quanto a como agem com as personalidades nem sempre agradáveis de seus maridos, seus filhos e aos seus hobbies para sobreviver a toda esses aspectos. Contudo logo a história começa a relacionar e interligar essas personagens e é aí que o rumo do livro, logo em seu início, muda: adentramos no universo feminino.

Observe que o universo que cito não é a existência do sexo em relação ao outro ou à sociedade vivente e sim o próprio sexo feminino em si e suas relações com os mesmos. Quando começamos a adentrar a rotina de Callie e principalmente à de Suzy, que para mim é a mais afetada por sua própria feminilidade, passamos a conhecer e a analisar didaticamente a cruel (sorry ladie) e sufocante mas também excêntrica e glamourosamente decrescente empreitada que é ser mulher. Até o final de sua segunda parte o livro segue fiel à esse universo, nos preenchendo com paranoias, “frescuras”, expectativas e problemas conjugais da mulher “de família” atual, essa imersão em que a escritora nos coloca é primorosa e bem sutil, beirando até ao simplório, sendo portanto a nossa famosa Grande Qualidade. Porém a partir de sua parte final o livro desanda, várias partes anteriores, do início e do meio, continham esse defeito, porém no desfecho da trama ele se torna parte integrante do enredo e portanto afeta a visão do leitor quanto ao livro: A obra deixa de ser sobre a mulher para ser um livro de mulher. Essa diferença não é nem um pouco machista, e como homem ao ler esse livro claramente direcionado para o público feminino se identificar, eu achei muito interessante essa imersão crua no universo de nossas namoradas, irmãs, esposas, porém criam-se apelos, defeitos, para agradar esse público com as saídas forçadas e sendo concretizado com uma reviravolta sem construção, digna de uma “novela mexicana” e completamente contraditória quanto ao que a obra havia nos apresentado até o momento, uma excentricidade desnecessária.

Uma questão de Confiança é um livro sobre enganações de todos os tipos, boas e ruins, em seu enredo e em seu conceito, seus méritos se alimentam dessas maquinações ,mas também seus defeitos e este embate duvidoso não anula a obra e nem o talento de Louise Millar de nos presentear com uma fluida e consciente trama, mas nos faz pensar se existe a necessidade de "sexilizar" gêneros, já que o conhecimento de um não anula , ou diminui , nenhuma característica estabelecida do outro.

Avaliação Geral: 3/5
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