Nome: A Culpa é das Estrelas
Autor: John Green
Páginas: 288
Editora: Intrinseca
A culpa é das estrelas narra o romance de dois adolescentes que se
conhecem (e se apaixonam) em um Grupo de Apoio para Crianças com Câncer:
Hazel, uma jovem de dezesseis anos que sobrevive graças a uma droga
revolucionária que detém a metástase em seus pulmões, e Augustus Waters,
de dezessete, ex-jogador de basquete que perdeu a perna para o
osteosarcoma. Como Hazel, Gus é inteligente, tem ótimo senso de humor e
gosta de brincar com os clichês do mundo do câncer - a principal arma
dos dois para enfrentar a doença que lentamente drena a vida das
pessoas. (Skoob)
Nunca fui de
interromper a leitura de um livro para ler outro, mas dessa vez a exceção existiu
e, meus amigos, fiquei muito feliz por ela ter existido. Quando peguei para
folhear A culpa é das estrelas esperava,
por já ter lido a sinopse, mais uma história câncer. Digo história câncer aquela fórmula já sistematizada usada
por vários autores “espertos” que utilizam-se exclusivamente dos seguintes
passos para escrever suas chamadas obras: (a) escolher uma doença, qualquer uma
(b) pesquisar superficialmente seus detalhes científicos (c) jogar um casal no
meio disso. Bem, felizmente esse livro se mostrou singular, uma peça rara no que
diz a esse tema tão corriqueiro e popular entre o público jovem e uma surpresa
agradável para qualquer leitor assíduo de romances e cansado de Nicholas Sparks
como eu.
"Seria uma honra ter o coração partido por você."
Hazel Grace tem um câncer
não imediatamente letal, porém incurável. Augustus Waters acaba de sair de um
no qual perdeu uma perna no processo e por isso usa uma prótese em seu lugar. Um
drama? Uma história de superação? A culpa
é das estrelas vai muito além disso. Logo no início do livro ocorre um
diálogo entre os dois desafortunados protagonistas onde um pergunta ao outro
qual é sua história, porém logo o interrompe dizendo para não contar a história
da doença em seu corpo, mas sim a sua própria
história. Essa é a premissa enraizada durante toda obra: o autor não foca na doença
de seus personagens, ele a impõe somente como um fato na vida de ambos e informa
somente o cientificamente necessário para o entendimento da história dos dois adolescentes,
esses que já são resignados por natureza à seus trágicos destinos, mas que
quando seus mundos são balançados pelos mesmos não fazem a piedosa pergunta Por que eu? Mas sim a conformada e racional Por que agora?
"Alguns infinitos são maiores que outros… Há dias, muitos deles, em que fico zangada com o tamanho do meu conjunto ilimitado. Eu queria mais números do que provavelmente vou ter."
O autor não se preocupa ou tenta humanizar seus
personagens, conta a história com sacadas geniais e com uma escrita leve, que já o fazem por si só sem nenhum esforço apelativo ou forçado, porque o que não
é mais humano do que o medo ou a morte? Ou pior, o medo da morte? O clímax da obra mostra-se ser seu decorrer em si assim como
na vida dos personagens, onde cada momento conta não só como uma lembrança, mas
também como uma mudança e um destino se concretizando nos momentos mais comuns
e banais que são priorizados pela realidade que nos ataca e ,que no caso de
Hazel e Gus, é a doença que os aflige. O humor negro e muitas vezes ácido contido
no livro consegue ser ao mesmo tempo melancólico e descontraído, dosando de
forma primorosa a quantidade de ternura e desapego necessários para forma um
enredo leve mesmo em suas partes mais dramáticas, provendo à nós, leitores,
sorrisos banhados à lágrimas que explicitam o poder e a singularidade que a
obra possui: A emoção e a descontração em total harmonia.
Avaliação geral: 4/5
~~Tema batido, não é imune a clichês~~
(Perdoem-me a demora de postar, mas viajei e estou no fim do mundo :P)